O que é desertificação
Desertificação ou Desertização é um processo natural que independe da ação antrópica sendo ecologicamente um fato acabado.
Desertificação, todavia, é um fenômeno que tem um componente muito forte que desencadeia seu processo que é o homem. No caso brasileiro, o que existem são processos de desertificação e não ainda desertos.
A Agenda 21, o principal documento gerado pela Conferência do Rio em 1992, definiu desertificação como sendo a degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas, sub-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de vários fatores, entre eles as
variações climáticas e as atividades humanas.
Em relação ao Nordeste, além da seca em pelo menos oito Estados, o processo de desertificação já atingiu mais de 55%
do território, ou seja, uma mancha quase do tamanho do Estado do Sergipe. A área corresponde a 18.000' quilômetros
quadrados completamente esturricados. Uma terra pobre e arenosa, onde o cultivo tomou-se inviável mesmo com a irrigação e
estima-se que outros 180 000 quilômetros quadrados estão seguindo o mesmo caminho.
Os processos de desertificação são muitos complexos e envolve dimensões não apenas de conhecimento técnico, mas,
econômicas, sociais e culturais. Os impactos ambientais da desertificação resultam na eliminação da biodiversidade (fauna e
flora), da redução da disponibilidade de recursos hídricos mediante o assoreamento de rios e reservatórios, e da perda física e
química dos solos, favorecendo a redução da produtividade da agricu1tura.
O semi-árido brasileiro que durante séculos resistiu aos longos períodos de estiagem, não está suportando ao avanço da
desertificação. Aliás, comparativamente com a terrível seca, o fenômeno da desertificação é muito mais cruel. A criação da
pecuária extensiva (bois e bodes) como atualmente é praticada tem arrasado o solo nordestino. Os animais quando comem a
vegetação que sobrevive à estiagem, pisoteiam mudas e gramíneas, compactando o solo.
O desmatamento indiscriminado da caatinga contribui fortemente para o desequilíbrio ambiental, inexistindo qualquer
fiscalização na retirada da lenha que vão parar nos fogões das famílias e nos formos de cerâmica e padarias. As queimadas
impedem a germinação espontânea das plantas nativas, maior escoamento superficial dos recursos hídricos, dificultando uma
maior infiltração no lençol freático. Todos estes fatores reduzem a capacidade produtiva da terra, diminuindo a produtividade
agrícola e, portanto, impactando as populações, diminuindo a qualidade de vida, elevando a mortalidade infantil e reduzindo a
expectativa de vida da população.
Os prejuízos sociais refletem nas unidades familiares. As migrações desestruturam as famílias e impactam as zonas
urbanas, que quase sempre não estão em condições de oferecer serviços ao elevado contingente populacional que para lá se
deslocam. A população afetada apresenta alta vulnerabilidade, já que estão entre os mais pobres da região, e com índices de
qualidade de vida muito abaixo da média nacional.
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